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segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Natal às Avessas




Papai Noel é a alegria viva dos dias de natal. Às boas crianças, dá presente. Às más, dá carvão. E com isso Papai Noel espalha, todos os anos, sua grande lição.
Dar mais que receber. O espírito do natal é compartilhar. Aqueles que tem muito bem poderiam ajudar o que quase nem tem. Eles deveriam perceber. Perceber a charada de amar. E jamais negar essa charada a ninguém.



Em uma terra chamada Caridade, que fica no interior do coração de uma criança, todos adoram o natal. Fazem grandes festas e cantam boas músicas bem alto, para que toda a vizinhança de Caridade possa se alegrar e exercer a solidariedade.
Em Caridade, tem um fato muito importante e interessante, existe Papai Noel. E ele realmente atravessa todo o mundo contagiando de alegria a todas as crianças, que pelo menos por uma noite, têm o direito de gozar das mesmas alegrias, do mesmo privilegio, que todas as outras no mundo.
Porém, em plena véspera de Natal, na cidade de Caridade, um jovem de nome Edadirac, não se comportou bem.
Na manhã do dia 24 de Dezembro, Edadirac não compartilhou a mesa com os pais, ao contrario disso ficou trancado no seu quarto, assistindo tv e quando sua mãe foi vê-lo, não a deu seu beijo costumeiro. Ao contrario disso pediu que se retirasse e não o voltasse a importunar, pois estava assistindo TV.
No almoço, seu pai, muito forçosamente, o arrancou da TV e o pôs a mesa, em retribuição, Edadirac virou seu prato de comida, quando seu cachorro correu para se alimentar do que ele desperdiçara, chutou o animal e voltou a assistir TV. Seu pai pensou em reclamar, mas o carteiro o d
eteve.
Era um daqueles telegramas cantados, c
om uma belíssima canção natalina. Edadirac levantou-se da TV indignado, rasgou o telegrama e chutou a canela do coitado do carteiro. Seu pai o pôs de castigo.
Era noite, e o pai de Edadirac decidiu deixar que o filho viesse para comemorar o Natal, afinal, ninguém realmente poderia, por motivo que fosse, perder uma noite de natal.
Edadirac desceu não trocou uma palavra sequer com os pais. O pai indignado sacudiuo filho a perguntar: "O que eu fiz? Não lhe demos tudo o que pedia? Não o fizemos feliz o suficiente? Por que s
e comporta tão mal no Natal? Quer ganhar um carvão de Papai Noel?"
O menino olhou serio para os olhos do pai e disse: "Não existe Papai Noel". Essa havia sido a gota d'água. O pai não pode reagir, pois sua dor era imensa. Como proferir tamanho sacrilégio?! Duvidar de Papai Noel? Como poderia enfrentar um mundo tão cruel recusando o bem encarnado e a crença no mesmo. Seu filho estava fadado a ser um incrédulo, um alguém sem sentimentos, ou até pior, sem espírito natalino.
Como viveriam seus netos!? Sem Papai Noel!? Por que não matar o Coelho da Páscoa junto nessa conversa!?
Sem opções mandou que Edadirac fosse para cama.
A noite chegava a seu ápice em Caridade. A meia-noite, quando nenhum rato, nenhum inseto e nem mesmo nenhuma pedra estava acordada, ele chegou em seu trenó, puxado por suas fieis renas e deixou os devidos presentes as devidas crianças; tão repentinamente apareceu, tal como sumiu no momento em que começava o dia 25.
Talvez devesse ser 01:00. Edadirac levantou-se sorrateiro da cama onde dormia e deslizou para a sala, onde poderia encontrar seu presente. Lá estava ele, debaixo da árvore de Natal, gravado com seu nome. Abriu depressa e testemunhou quando o presente ganhou a forma de uma pedra de carvão. Olhou por um momento o presente que havia recebido. Pode ver seu vizinho em casa, pela janela. Um garoto que deveria ter sua idade. Este abria o pacote de presente com avidez e descobria em seu interior o boneco de ação tão desejado.
Edadirac olhou para o seu presente e uma lágrima pensou em desenhar sua face, mas antes dela veio um sorriso.Ele tinha conseguido afinal. Sem arrependimentos.
Edadirac saiu rua afora, foi até um viaduto perto de sua casa, completamente soterrado pela neve. Lá, uma familia de desabrigados tentava se aquecer com fósforos. O garoto foi até eles e com sua peça de carvão ele fez fogo para aquela familia. A parte do seu almoço que ele havia j
ogado no chão, estava guardada numa marmita que agora ele entregava aquela familia. Aquela familia, pela primeira vez no Natal pode sentir calor e ceiar. Lá, Edadirac, sentia orgulho de si mesmo e
entendeu o que era o Natal. Afinal, basta um pouco de criatividade para fazer de um Carvão um belíssimo diamante. Edadirac tinha ganhado o seu melhor presente de Natal ao sacrificar o seu próprio por quem nunca teve um igual.



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